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sexta-feira, 29 de junho de 2012

O que não pode ser medido não pode ser avaliado, diz Nelson Breve sobre a TV Pública.


EBC discute indicadores de qualidade nas emissoras públicas
28/06/2012

Gilberto Costa - Repórter da Agência Brasil

Brasília – Os indicadores de qualidade nas emissoras públicas foram o tema de um seminário realizado hoje (28) pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), transmitido ao vivo pela internet. O debate foi em torno da publicação Indicadores de Qualidade nas Emissoras Públicas – uma Visão Contemporânea, lançada durante o seminário pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

A publicação lista cerca de 200 sugestões de indicadores, que vão desde o grau de satisfação da audiência até o controle de qualidade das reportagens produzidas, passando por critérios de transparência e independência editorial e acesso ao sinal.

Participaram da discussão dois dos três autores do texto, Eugênio Bucci, ex-presidente da Radiobras, que deu origem à Empresa Brasil de Comunicação, e Marco Chiaretti, jornalista especializado em comunicação digital, além do presidente da EBC, Nelson Breve, do professor Murilo César Ramos, da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília e também membro do Conselho Curador da empresa, e a secretária de Audiovisual do Ministério da Cultura, Ana Paula Dourado Santana.

“O que não pode ser medido não pode ser avaliado”, disse o presidente da EBC. Para ele, os indicadores serão úteis na finalização do planejamento estratégico da empresa para os próximos dez anos.
Apoiadores da campanha Regula, Dilma

“O planejamento estratégico precisa de objetivos, metas e indicadores. Aqui estão indicadores que podem fazer com que a gente desenhe um mapa para saber se está no caminho certo, ou para saber é preciso fazer ajustes, se é preciso correr mais, corrigir os rumos... É fundamental um trabalho como esse de indicadores, não só para nós, mas para toda comunicação pública”, afirmou Nelson Breve.

A complementariedade dos sistemas de comunicação (privado, público e estatal, conforme previsto na Constituição Federal) também foi avaliada pelos debatedores. “A TV pública e a comercial são gêneros da mesma espécie”, disse Murilo Ramos. Já Eugênio Bucci destacou que “as emissoras comerciais [sozinhas] não dão conta do debate saudável em uma democracia”.

A diferença entre os tipo de comunicação faz com que alguns teóricos brasileiros e estrangeiros defendam o conceito de jornalismo público como uma forma mais engajada de noticiário e com foco na cidadania, mas os debatedores discordaram. “O conceito de jornalismo público é muito vazio”, criticou Bucci. “Jornalismo só tem um”, acrescentou Marco Chiaretti, ao lembrar que jornalismo é aquilo que se conta, sem que necessariamente queira revelar, como ocorre com o anúncio publicitário.

“Jornalismo público é uma tautologia”, disse Murilo Ramos, ao assinalar que a expressão é repetitiva (pois jornalismo é uma atividade pública) e que “o conceito consagra a ideia de que há jornalismo não cidadão”, um entendimento, segundo ele, que pode “criar guetos”. Para esclarecer sua posição, Ramos mencionou o livro A Regra do Jogo, do jornalista Cláudio Abramo (morto em 1987), que defendia não existir uma ética específica para a profissão. “A ética do jornalista é igual à ética do marceneiro”, ressaltou.

Um aspecto que chamou a atenção no debate foi a necessidade de autonomia das emissoras públicas de televisão. “Só podemos falar em comunicação pública quando não está sujeita a uma autoridade externa”, afirmou Bucci. Ele defende que a direção da EBC não mais seja escolhida pela Presidência da República e que empresa seja vinculada ao Ministério da Cultura. “As atribuições da Secretaria de Comunicação [da Presidência], às vezes, podem guardar conflitos”, explicou Bucci.

Edição: Nádia Franco

domingo, 24 de junho de 2012

A Cúpula dos Povos na Rio + 20 incluiu a democracia na mídia entre os objetivos globais de luta


A Cúpula dos Povos é o momento simbólico de um novo ciclo na trajetória de lutas globais que produz novas convergências entre movimentos de mulheres, indígenas, negros, juventudes, agricultores/as familiares e camponeses, trabalhadore/as, povos e comunidades tradicionais, quilombolas, lutadores pelo direito a cidade, e religiões de todo o mundo. As assembleias, mobilizações e a grande Marcha dos Povos foram os momentos de expressão máxima destas convergências.

As instituições financeiras multilaterais, as coalizações a serviço do sistema financeiro, como o G8/G20, a captura corporativa da ONU e a maioria dos governos demonstraram irresponsabilidade com o futuro da humanidade e do planeta e promoveram os interesses das corporações na conferencia oficial. Em constraste a isso, a vitalidade e a força das mobilizações e dos debates na Cúpula dos Povos fortaleceram a nossa convicção de que só o povo organizado e mobilizado pode libertar o mundo do controle das corporações e do capital financeiro.

Há vinte anos o Fórum Global, também realizado no Aterro do Flamengo, denunciou os riscos que a humanidade e a natureza corriam com a privatização e o neoliberalismo. Hoje afirmamos que, além de confirmar nossa análise, ocorreram retrocessos significativos em relação aos direitos humanos já reconhecidos. A Rio+20 repete o falido roteiro de falsas soluções defendidas pelos mesmos atores que provocaram a crise global. À medida que essa crise se aprofunda, mais as corporações avançam contra os direitos dos povos, a democracia e a natureza, sequestrando os bens comuns da humanidade para salvar o sistema economico-financeiro.

As múltiplas vozes e forças que convergem em torno da Cúpula dos Povos denunciam a verdadeira causa estrutural da crise global: o sistema capitalista patriarcal, racista e homofobico.

As corporações transnacionais continuam cometendo seus crimes com a sistematica violação dos direitos dos povos e da natureza com total impunidade. Da mesma forma, avançam seus interesses através da militarização, da criminalização dos modos de vida dos povos e dos movimentos sociais promovendo a desterritorialização no campo e na cidade. Da mesma forma denunciamos a divida ambiental histórica que afeta majoritariamente os povos oprimidos do mundo, e que deve ser assumida pelos países altamente industrializados, que ao fim e ao cabo, foram os que provocaram as múltiplas crises que vivemos hoje.

O capitalismo também leva à perda do controle social, democrático e comunitario sobre los recursos naturais e serviços estratégicos, que continuam sendo privatizados, convertendo direitos em mercadorias e limitando o acesso dos povos aos bens e serviços necessarios à sobrevivencia.

A dita “economia verde” é uma das expressões da atual fase financeira do capitalismo que também se utiliza de velhos e novos mecanismos, tais como o aprofundamento do endividamento publico-privado, o super-estímulo ao consumo, a apropriação e concentração das novas tecnologias, os mercados de carbono e biodiversidade, a grilagem e estrangeirização de terras e as parcerias público-privadas, entre outros.

As alternativas estão em nossos povos, nossa historia, nossos costumes, conhecimentos, práticas e sistemas produtivos, que devemos manter, revalorizar e ganhar escala como projeto contra-hegemonico e transformador.

A defesa dos espaços públicos nas cidades, com gestão democrática e participação popular, a economia cooperativa e solidaria, a soberania alimentar, um novo paradigma de produção, distribuição e consumo, a mudança da matriz energética, são exemplos de alternativas reais frente ao atual sistema agro-urbano-industrial.

A defesa dos bens comuns passa pela garantia de uma série de direitos humanos e da natureza, pela solidariedade e respeito às cosmovisões e crenças dos diferentes povos, como, por exemplo, a defesa do “Bem Viver” como forma de existir em harmonia com a natureza, o que pressupõe uma transição justa a ser construída com os trabalhadores/as e povos.

Exigimos uma transição justa que supõe a ampliação do conceito de trabalho, o reconhecimento do trabalho das mulheres e um equilíbrio entre a produção e reprodução, para que esta não seja uma atribuição exclusiva das mulheres. Passa ainda pela liberdade de organização e o direito a contratação coletiva, assim como pelo estabelecimento de uma ampla rede de seguridade e proteção social, entendida como um direito humano, bem como de políticas públicas que garantam formas de trabalho decentes.

Rita Ronchetti da Ciranda Comunicação Compartilhada
Afirmamos o feminismo como instrumento da construção da igualdade, a autonomia das mulheres sobre seus corpos e sexualidade e o direito a uma vida livre de violência. Da mesma forma reafirmamos a urgência da distribuição de riqueza e da renda, do combate ao racismo e ao etnocídio, da garantia do direito a terra e território, do direito à cidade, ao meio ambiente e à água, à educação, a cultura, a liberdade de expressão e democratização dos meios de comunicação.

O fortalecimento de diversas economias locais e dos direitos territoriais garantem a construção comunitária de economias mais vibrantes. Estas economias locais proporcionam meios de vida sustentáveis locais, a solidariedade comunitária, componentes vitais da resiliência dos ecossistemas. A diversidade da natureza e sua diversidade cultural associada é fundamento para um novo paradigma de sociedade.

Os povos querem determinar para que e para quem se destinam os bens comuns e energéticos, além de assumir o controle popular e democrático de sua produção. Um novo modelo enérgico está baseado em energias renováveis descentralizadas e que garanta energia para a população e não para as corporações.

A transformação social exige convergências de ações, articulações e agendas a partir das resistências e alternativas contra hegemônicas ao sistema capitalista que estão em curso em todos os cantos do planeta. Os processos sociais acumulados pelas organizações e movimentos sociais que convergiram na Cúpula dos Povos apontaram para os seguintes eixos de luta:

- Contra a militarização dos Estados e territórios;
- Contra a criminalização das organizações e movimentos sociais;
- Contra a violência contra as mulheres;
- Contra a violência as lesbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgeneros;
- Contra as grandes corporações;
- Contra a imposição do pagamento de dívidas econômicas injustas e por auditorias populares das mesmas;
- Pela garantia do direito dos povos à terra e território urbano e rural;
- Pela consulta e consentimento livre, prévio e informado, baseado nos princípios da boa fé e do efeito vinculante, conforme a Convenção 169 da OIT;
- Pela soberania alimentar e alimentos sadios, contra agrotóxicos e transgênicos;
- Pela garantia e conquista de direitos;
- Pela solidariedade aos povos e países, principalmente os ameaçados por golpes militares ou institucionais, como está ocorrendo agora no Paraguai;
- Pela soberania dos povos no controle dos bens comuns, contra as tentativas de mercantilização;
- Pela mudança da matriz e modelo energético vigente;
- Pela democratização dos meios de comunicação;
- Pelo reconhecimento da dívida histórica social e ecológica;
- Pela construção do DIA MUNDIAL DE GREVE GERAL.

Voltemos aos nossos territórios, regiões e países animados para construirmos as convergências necessárias para seguirmos em luta, resistindo e avançando contra os sistema capitalista e suas velhas e renovadas formas de reprodução.

Em pé continuamos em luta!

Rio de Janeiro, 15 a 22 de junho de 2012.

Cúpula dos Povos por Justiça Social e ambiental em defesa dos bens comuns, contra a mercantilização da vida

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Conselho de Comunicação Social do Congresso não funciona, diz Erundina


Em março deste ano a deputada Luiza Erundina participou do Seminário Internacional “Regulação da Comunicação Pública”, organizado pela Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e pelo Direito à Comunicação com Participação Popular (Frentecom) e pela Secretaria de Comunicação Social da Câmara.

Incansável batalhadora pela democracia na mídia disse que o desrespeito à participação popular na comunicação no Brasil é tamanha que o Conselho de Comunicação Social do Congresso está desativado há seis anos. Ela lembrou tratar-se do único órgão de participação social na comunicação criado pela Constituição Federal e que, ainda assim, não funciona. “Precisamos rever isso, senão estaremos brincando de participação popular”, asseverou.

Erundina ressaltou ainda que o cidadão se sente motivado somente se sua participação tiver eficácia. “Quem vai se dispor a avaliar uma programação depois de pronta, quem vai se motivar se não foi chamado quando ela estava sendo planejada?”, questionou.

Câmara dos Deputados


terça-feira, 12 de junho de 2012

SDE multa a Editora Globo em R$ 2,1 milhões e o SBT em 1 milhão


Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A Secretaria de Direito Econômico (SDE), órgão do Ministério da Justiça, aplicou, na última semana, multas a diversas empresas por causa de infrações aos direitos do consumidor. Com a reestruturação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), aprovada no final de maio, a SDE foi extinta e, por isso, todos os atos assinados anteriormente foram publicados nos últimos dias.

As empresas de telefonia móvel Vivo e Claro foram multadas em R$ 1,5 milhão e R$ 1,3 milhão, respectivamente, por não terem disponibilizado em seus atendimentos telefônicos a opção de falar com um atendente de maneira facilitada. A Vivo disse que já foi citada e que está analisando o assunto para tomar as medidas que considerar cabíveis. A Claro informa que ainda não foi notificada pela SDE, portanto, não vai se manifestar até tomar ciência dos fatos.

A empresa de telefonia fixa GVT terá que pagar R$ 52,5 mil por não ter cumprido as normas do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC). Segundo a SDE, a empresa não encaminhou a cópia da gravação do atendimento solicitada por um consumidor. A GVT disse que já solicitou cópia do despacho para avaliar os detalhes da decisão e que só vai se posicionar depois da análise do documento.

Já a Nextel foi multada em R$ 75 mil pela ausência de informação clara e objetiva sobre o número do SAC da empresa, não fornecimento de gravação de chamada e número de protocolo condicionado a fornecimento de dados. A empresa disse que cumpre todas as regulamentações vigentes e informou que a decisão da SDE é administrativa e que cabe à apreciação do Judiciário.

A SDE ainda multou a emissora SBT, em R$ 1 milhão, por veiculação de publicidade em programas de televisão voltados ao público infantil. A assessoria de imprensa do SBT disse que a empresa não vai se pronunciar sobre o assunto.

A Editora Globo terá que pagar R$ 2,1 milhões por publicidade enganosa. Segundo a SDE, a promoção Show de Gols poderia induzir o consumidor em erro porque, no momento da oferta publicitária, não foram fornecidas todas as informações necessárias para uma aquisição consciente do produto oferecido e da adesão à promoção veiculada. A empresa não respondeu à Agência Brasil sobre a aplicação da multa.

As empresas têm prazo de 30 dias para pagar as multas e não podem mais recorrer da decisão em âmbito administrativo, apenas no Judiciário. Com as mudanças na legislação sobre a concorrência, determinadas no fim de maio, parte das atribuições da SDE relativas ao direito do consumidor vai ficar a cargo da recém-criada Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon). Já as atribuições em relação à concorrência ficarão sob responsabilidade do Cade.

A Senacon vai coordenar o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), formado por Procons, defensorias públicas, ministérios públicos, entidades civis de defesa do consumidor e delegacias do consumidor. Além disso, vai conduzir a Política Nacional das Relações de Consumo, o que era, anteriormente, atribuição do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC).

Edição: Lana Cristina

domingo, 10 de junho de 2012

Novo Código de Telecomunicações disponível para consulta pública depois de erro da Folha

Victor Zacharias

Depois de publicar a polêmica matéria de que horários nas TV e no Rádio, que são concessões públicas, não poderiam ser sub locados cujos maiores clientes são igrejas e programas de vendas, vem um esclarecimento do Ministério da Comunicação e o anúncio de que será colocado para consulta pública uma minuta do decreto que moderniza o Código de Brasileiro de Telecomunicações de 1962.

O Ministério das Comunicações esclareceu que a matéria confunde a proposta para uma lei de comunicações eletrônicas, que somente pode ser apresentado sob a forma de Projeto de Lei, com o decreto que o Ministério das Comunicações vem preparando com o objetivo de modernizar as regras do Código Brasileiro de Telecomunicações, que é de 1962. O decreto moderniza os procedimentos adotados pelo Ministério para outorga de serviços de radiodifusão.

Embora os dois temas possam ter relação, cumpre informar que a proposta de decreto do Ministério das Comunicações não trata de cessão de horário da programação. Por mais importante que seja o tema, ele não pode ser regulado por meio de decreto.
A editora Tele.Síntese, especialista em TCI, analisou o Código e fez alguns destaques:

A proposta de regulamentação da radiodifusão une as regras para emissoras comerciais, educativas, institucionais, com fins científicos e experimentais e comunitárias.

O pagamento do valor da concessão de emissora comercial, definido em processo licitatório, deve ser pago integralmente no prazo de 60 dias.

A transferência da outorga não pode ocorrer antes do prazo de cinco anos, após a assinatura do contrato de concessão.
Haydée e Diego estudantes da Poli USP vencedores da 1a Hackathon

As sanções aplicadas às emissoras poderão ser trocadas por obrigação de fazer, a julgamento do Ministério das Comunicações.
Ficam ampliadas os motivos para cassação das emissoras.

Aqui vai um comentário: não sendo a publicação do jornal verídica, dá para deduzir que a veiculação tinha objetivo político de enfraquecer as alianças do PT tanto no parlamento, bancada das igrejas, como nos movimentos sociais.
Não que o debate da sub locação não deva ser feito, talvez seja um dos itens discutidos quando for iniciada a consulta pública, sendo de competência deste novo Código ou não.
O Marco Regulatório da Comunicação, quer regulamentará a Constituição e todo o setor de forma mais abrangente, continua parado, portanto a pressão da campanha #reguladilma, continuará.

Clique aqui para ler a minuta do Novo Código na íntegra.

domingo, 3 de junho de 2012

Igrejas e empresas de vendas podem ser proibidas de alugar horário de TV

Dilma quer acabar com aluguel de horário na TV: Será o fim das igrejas eletrônicas?

Projeto fecha brechas da lei que fizeram surgir “mercado paralelo” no setor. Governo sinaliza para o avanço da TV interativa e abre espaço para emissoras cobrarem pela conexão à internet.
Julio Wiziack

O governo federal prepara um pacote de medidas para fechar brechas da legislação de rádio e TV que permitiram o surgimento de um “mercado paralelo” ligado às concessões no país. A Folha teve acesso à última versão da minuta do decreto, que foi batizado pelo setor de “novo marco regulatório da radiodifusão”.

Uma das mudanças de maior impacto é a proibição expressa do aluguel de canais e de horários da programação de rádio e TV. A lei atual não proíbe a prática de forma explícita, o que permitiu o aumento de programas religiosos e exclusivamente comerciais, principais clientes desses horários. No fim de 2011, a Igreja Internacional da Graça de Deus, do missionário R.R. Soares, por exemplo, alugava duas horas e cinco minutos semanais na Bandeirantes. Na Rede TV!, o apóstolo Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus, comprava cerca de dez horas e meia semanais.

A rede de farmácias Ultrafarma ocupava quatro horas e meia com propagandas. Na TV Gazeta, o Polishop detinha dez horas semanais para anunciar seus produtos.

Militantes da campanha "reguladilma
Os dados são do mais recente levantamento do Intervozes, organização que monitora a programação no País. Segundo a entidade, poucas são as emissoras que não entraram nesse negócio. Globo e SBT estão entre elas. A Record é um caso isolado porque seu fundador, Edir Macedo, também é o responsável pela Igreja Universal do Reino de Deus. Segundo o Intervozes, a Record diz não ceder seu espaço a terceiros, mas não explica se paga pelos programas religiosos veiculados, uma forma de se enquadrar à legislação. Na TV Gazeta, são 26 horas semanais destinadas aos cultos da igreja. Inversão

O Ministério das Comunicações não quis comentar as mudanças e informou que o “novo marco” ainda será colocado em consulta pública. Caso o decreto seja sancionado como está, obrigará as emissoras a comprar os programas produzidos por terceiros – em vez de receber pelo aluguel, como hoje.

Consultadas, as principais redes não se pronunciaram. Apesar dos avanços, o governo não define os mecanismos que serão criados para fiscalizar a prática de eventuais irregularidades.

Contrapartida Ao acabar com o “mercado paralelo”, o governo cortará uma importante fonte de receita, mas, em troca, permitirá que as emissoras prestem serviços de dados – atividade restrita às empresas de telecomunicações.

Hoje, as emissoras só podem fazer caixa com a venda de espaço publicitário – que pode ocupar, no máximo, 25% da programação. Ao permitir a comercialização do serviço de dados, o governo sinaliza para a expansão da TV digital no País e do sistema de interatividade que conecta a TV à internet. Esse serviço permitirá ao telespectador comprar produtos anunciados durante a programação clicando diretamente na TV. É essa conexão que poderá ser cobrada.

Replicante