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sábado, 13 de outubro de 2012

A eleição e o favorecimento dissimulado da mídia a certos partidos

Victor Zacharias

Vivemos tempos de eleições em todo o Brasil e a comunicação é a maior arma de convencimento dos eleitores. Ela não se restringe a propaganda, mas está em todas especialidades: jornalismo e relações públicas. Cuidados são tomados, a fim de que o poder econômico não possa influenciar. É nesse momento que a divulgação espontânea nos veículos de comunicação precisa ser equilibrada para que não seja favorecido um candidato.

Nas eleições anteriores, organizações não governamentais fizeram o monitoramento da imprensa e notaram desproporções nos destaques de matérias positivas para um candidato. É claro que isso influência a decisão dos eleitores.

Os veículos de mídia que dominam o mercado editorial pertencem a poucos donos e na prática percebe-se que demonstram em suas páginas ou programas de televisão preferência por determinado partido ou concorrente. É permitido que veículos se posicionem ideologicamente e partidariamente? Em outros países eles são claramente a favor de uma determinada linha ideológica, o que não acontece por aqui. Esse é o problema. Agem dissimuladamente. Muitos leitores não percebem, acabam entendendo que a matéria publicada tem o máximo de isenção, como é recomendado aos jornalistas nos bancos universitários, e acreditam no que foi exposto.

O jornalismo ainda tem certos segredos que nem todo leitor sabe. Em uma edição, algumas páginas são diferentes em determinadas regiões. É uma maneira de adequar assuntos importantes para determinada cidade, região ou bairro e melhorar a prestação de serviço. Mas também é um jeito de, durante determinados períodos, como o eleitoral, não expor assuntos polêmicos para alguns públicos. Neste caso o interesse público deixa de ser prioridade.  Quando isso acontece passa a ser um ato de censura e com claros objetivos de favorecimento eleitoral.

Para exemplificar o dia a dia das redações, veja a edição do Estadão do dia 19 de setembro de 2012. Nela o jornal utilizou essa técnica. A matéria do caderno Vida não foi a mesma para todo o Brasil. A de título: "Maioria das escolas rejeita o ensino integral, mostra levantamento", não foi veiculada no estado de São Paulo. O texto fazia uma dura crítica ao governo tucano pela falta de capacidade de gerir a educação. Essa informação alertaria o leitor e prejudicaria o candidato do partido, pois em suas propagandas ele volta a fazer a promessa: ensino integral. Credibilidade é essencial para quem quer vencer uma eleição, porém se os eleitores paulistanos soubessem desse levantamento, com certeza o candidato perderia muitos votos.

Essa é uma maneira sutil da mídia favorecer uma ou outra candidatura, logo influir no resultado das urnas.

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Hoje com a internet, a liberdade de expressão, ainda restrita, fica um pouco mais ampliada. Jornais tem sido desmentidos por blogues e redes sociais. Mas isso não é o suficiente.

O Marco Regulatório das Comunicações, que ainda está parado no governo federal, em um de seus itens, propõe o fortalecimento do jornalista para que ele não seja submisso ao editor ou dono da mídia e possa exercer com liberdade e responsabilidade a sua profissão procurando isenção e o interesse público. Outra proposta é incluir nas escolas o ensino crítico da mídia para que o aluno fosse capacitado a analisar o funcionamento da mídia e de certa forma aumentar sua imunidade contra a manipulação durante e fora das eleições. O Marco amplia a Liberdade de Expressão, assim a decisão sobre os temas principais da sociedade ficarão na mão de cada brasileiro, não na dos donos da mídia.