Os meios de comunicação exibem conteúdos que desenham a
realidade sobre a qual as pessoas constroem suas vidas, formam valores e
funcionam no cotidiano da sociedade. Perceba que o assunto do mês de agosto
será a Olimpíada, que arrefecerá as pautas das operações da polícia federal e
do judiciário, essas receberão menor destaque até o final das competições
esportivas. Esse poder de estabelecer pautas na sociedade e no governo pode ser
seletivo e como veremos tem escolhido mais alguns partidos do que outros para
manchetes e editoriais negativos.
Na escola é importante que os professores apresentem todas as
ideologias políticas e econômicas para que o aluno saiba das várias teses
dos pesquisadores e pensadores e adquira capacidade crítica para analisar e
escolher entre as muitas alternativas, na comunicação, que também educa, é a
mesma coisa.
Algumas páginas da rede social têm feito esse trabalho de
análise quantitativa e qualitativa. Elas comprovam que a mídia está tomando
partido sem declarar sua posição partidária. O
telespectador ou leitor que lê e não faz o exercício da crítica procurando o
contraditório do que é apresentado, provavelmente toma para si o discurso das
corporações mediáticas e reproduz no cotidiano como se fosse verdade absoluta e
incontestável.
O jornalismo, à exceção dos artigos de opinião, tem por
premissa reportar os fatos e informações bem fundamentados e apurados, para que
a subjetividade do profissional ou da empresa não distorça o fato e o consumidor
escolha, entre os vários pontos de vista da matéria, o seu. No entanto o que
vemos são defesas de ponto de vista tão frequentes, escancaradas e vorazes que
saem do jornalismo e entram no campo da publicidade.
Claro que não é proibido tomar partido, mas a ética
jornalística, que a difere da publicidade, manda ter equilíbrio na divulgação
das várias teses e lados de uma matéria ou fato veiculados. A propaganda pode
tomar partido, o jornalismo não deveria.
Dá para perceber que as empresas de jornalismo da chamada
grande imprensa têm iludido o leitor e dissimuladamente fortalecido os
pensamentos e tendências defendidas por seus proprietários e editores, que todo
dia são publicadas, na maioria das vezes sem contraditório. O resultado é que o
consumo dessas informações e análises sem diversidade e pluralismo acabam
catequisando e viciando muitos consumidores desse tipo de informação monocromática.
Criam times, torcidas emocionadas e anulam razões e fatos.
Veja o gráfico produzido pelos pesquisadores do site
Manchetômetro (http://www.manchetometro.com.br/) sobre manchetes negativas dos
editoriais do jornal O Globo, um jornal partidário. Clique na imagem para ampliar
Entenda um pouco mais como as manchetes são construídas para esconder algumas coisas e mostrar outras de interesse das empresas de mídia na página do face: Caneta Desmanipuladora (clique aqui)
Victor Zacharias
Jornalista, publicitário e locutor pós graduado em Sócio Psicologia, com extensão em Políticas de Comunicação pela USP e Formação de Governantes pela Escola de Governo.